sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

PREÂMBULO - O FIM

E de volta à Pátria, como terá sido a recepção que estes heróis tiveram no cais de desembarque? Para melhor descrever esse regresso à Metrópole, após a missão cumprida, explica-nos o Dr. Pires de Lima que (...) a esperar-nos, ninguém, nem a Cruz Vermelha, na hipótese, infelizmente verdadeira, de trazermos doentes, que careciam de ser transportados em maca...recordei então as notícias, que tinha lido, da maneira como eram recebidos, com mimos e carinhos femininos,os feridos e doentes, que regressavam de França (...)

Tropa de África! Foto de 1918
(...) Profundamente chocado, mandei para o Quartel-General um telefonema seco: "estava ali o Quelimane com duzentos soldados doentes; alguns, que só poderiam desembarcar de maca, outros que vinham em trajes menores e, por isso, não poderiam desembarcar de dia" (...) Tempos depois, apareceu no cais, muito enfadado, um senhor alferes, que o Q.G. mandara, para tomar conta dos meus doentes. E nisto se resumiu a recepção oficial feita aos Expedicionários, que parece não terem cumprido integralmente o seu dever, pois, com teimosia inexplicável e digna de muita censura, se tinham obstinado em não morrer, longe da Pátria, para lhe poupar um espectáculo deselegante e perturbador de digestões felizes (...).
Dr. Pires de Lima



Felizmente ainda conheci pessoalmente um desses heróicos combatentes (resistentes), que com a idade de 18 anos foi como voluntário para Angola combater os alemães, infelizmente já nos deixou, faz uns bons pares de anos, e numa idade já centenária, refiro-me ao Coronel e Engenheiro Químico Manuel Aboim Ascensão de Sande Lemos que durante muitas horas me narrou alguns dos acontecimentos por ele vividos em África, testemunhos esses que me entusiasmaram a levar em frente o trabalho que aqui inicio.

Dedicando este modesto trabalho não só à sua memória, mas à de todos esses heróis esquecidos que tanto deram pela Pátria sem nada em troca pedirem...
                                                                                                                   
                      O Autor
           M. A. Ribeiro Rodrigues


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