sexta-feira, 11 de março de 2011

ANGOLA

Moçâmedes em 1914
MARCHA NO SUL JUNTO AO LITORAL
DEZEMBRO DE 1914
(um testemunho)

(...) O caminho era unicamente um areal movediço, em que os pés se enterravam, e em que se dava uma passada para a frente e meia para trás de cada vez (...)

(...) De longe a longe alguma raquítica vegetação de plantas gordas rasteiras e salgadas, de um verde-escuro sujo, e com laivos terrosos (...)


As Welwitschia - Mirabilis



(...) Se parávamos, as areias cobriam-nas aos pés até aos tornozelos em menos de um minuto, vinham-nos açoitar a cara e as orelhas como pequenas balas; entrava-nos pelos ouvidos e pelo nariz. Que penosa marcha, encetada às 4 da manhã! Que terrível situação! (...)




(...) A fila indiana, aproximando-se o mais possível da água, era ainda assim chicoteada pela areia seca e pelas respingas da água salgada das ondas, que cada vez vinham maiores quebrar-se no areal. Com o corpo deitado para trás, para resistir ao vento sem cair, a areia mesmo molhada vinha chicotear-nos a cara, as mãos, o pescoço, de tal forma que estavam quase em sangue; e assim continuamos andando sem poder parar, pois a paragem seria a morte por asfixia enterrados no areal, que seguia sempre....sempre...., levantando-se nuvens de areia que iam formar mais a norte novas dunas, que se iam sempre movendo. A andar comemos bolacha e bebemos vinho, engolindo tudo misturado com areia (...).

Texto de: Roma Machado, In: "Recordações de África".






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