quarta-feira, 30 de março de 2011

EXPEDICIONÁRIOS PARA ÁFRICA - UNIFORMES

FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS PARA ANGOLA E MOÇAMBIQUE A PARTIR DE
21 DE AGOSTO DE 1914

UNIFORME DE CAMPANHA
PARA
OFICIAIS E SARGENTOS AJUDANTES


CHAPÉU-CAPACETE
Igual ao dos soldados, tendo além do laço Nacional os emblemas ou números em metal oxidado.



Fotografia. Colecção particular

























DÓLMEN DE SERVIÇO
Confeccionado em mescla cinzenta de lã ou algodão, com botões do respectivo padrão.


COLARINHOS
Brancos sem goma, sendo o seu uso facultativo

CALÇAS
SERVIÇO APEADO:
Do mesmo modelo dos soldados, mas de mescla cinzenta de lã ou de algodão.

SERVIÇO MONTADO:
Do mesmo tecido das calças


CAPOTE
SERVIÇO APEADO:
De mescla cinzenta com duas abotoaduras, cada uma com seis botões iguais aos do dólmen. Este não tem presilhas na cintura, os canhões das mangas são direitos, da cor do capote e com uma carcela. Tanto a carcela, onde assentam três botões do respectivo padrão, como os canhões são avivados pela cor particular, referenciada no quadro respectivo.

Os galões dos respectivos postos hierárquicos, aplicam-se só na folha da manga da parte de fora e do vivo para baixo.

Além das duas algibeiras, colocadas na ligação das costas com as folhas da frente, tem mais três, sendo uma exterior, no lado esquerdo do peito, na altura do segundo botão, coberta por uma pestana com uma casa e um botão pequeno do respectivo padrão; e duas colocadas na altura da última linha de botões, com as aberturas cobertas com pestanas.





SERVIÇO MONTADO:
Igual ao dos soldados, sendo os botões dourados do respectivo padrão; na gola colocam-se as presilhas onde se encontram os galões do respectivo posto hirarquico.






Oficiais dea cavalaria com capote. Foto colecção particular
 


LUVAS
De pele de cavalo de tom avermelhado claro (uso facultativo)


GREVAS
De modelo idêntico ao das praças


BOTAS
SERVIÇO APEADO:
De cor natural do couro com atacadores.


SERVIÇO MONTADO:
De couro preto, com elástico


POLAINAS
De cabedal preto e as fivelas envernizadas de preto, apertando por intermédio de duas fivelas.

 











Observação:
As botas e as polainas, de todos os graus, em campanha, marchas e exercícios eram devidamente untadas, não se aplicando ao calçado, naquelas ocasiões, qualquer graxa das adoptadas para manter a cor preta.

ESPORAS
De ferro polido ou metal branco de apertar por intermédio de correia,

 ou de caixa.



GENERAIS

CHAPÉU-CAPACETE
Igual ao dos oficiais, substituindo os emblemas ou números por uma estrela de prata.

DÓLMEN DE SERVIÇO
Igual ao dos oficiais com os botões do respectivo padrão

CAPOTE
Igual ao dos oficiais, serviço montado, com a gola vermelha e botões iguais aos do dólmen

BOTAS E POLAINAS
Iguais às dos oficiais mas de couro preto

Tudo o resto conforme os oficiais.

Texto e ilustrações de:marr

sexta-feira, 11 de março de 2011

ANGOLA

Moçâmedes em 1914
MARCHA NO SUL JUNTO AO LITORAL
DEZEMBRO DE 1914
(um testemunho)

(...) O caminho era unicamente um areal movediço, em que os pés se enterravam, e em que se dava uma passada para a frente e meia para trás de cada vez (...)

(...) De longe a longe alguma raquítica vegetação de plantas gordas rasteiras e salgadas, de um verde-escuro sujo, e com laivos terrosos (...)


As Welwitschia - Mirabilis



(...) Se parávamos, as areias cobriam-nas aos pés até aos tornozelos em menos de um minuto, vinham-nos açoitar a cara e as orelhas como pequenas balas; entrava-nos pelos ouvidos e pelo nariz. Que penosa marcha, encetada às 4 da manhã! Que terrível situação! (...)




(...) A fila indiana, aproximando-se o mais possível da água, era ainda assim chicoteada pela areia seca e pelas respingas da água salgada das ondas, que cada vez vinham maiores quebrar-se no areal. Com o corpo deitado para trás, para resistir ao vento sem cair, a areia mesmo molhada vinha chicotear-nos a cara, as mãos, o pescoço, de tal forma que estavam quase em sangue; e assim continuamos andando sem poder parar, pois a paragem seria a morte por asfixia enterrados no areal, que seguia sempre....sempre...., levantando-se nuvens de areia que iam formar mais a norte novas dunas, que se iam sempre movendo. A andar comemos bolacha e bebemos vinho, engolindo tudo misturado com areia (...).

Texto de: Roma Machado, In: "Recordações de África".






terça-feira, 1 de março de 2011

EXPEDICIONÁRIOS PARA ÁFRICA - UNIFORMES

FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS
 PARA ANGOLA E MOÇAMBIQUE
21 DE AGOSTO DE 1914

UNIFORMES
Iremos analisar o que as nossas tropas expedicionárias utilizaram a partir da data da mobilização, isto é de 21 de Agosto de 1914. No entanto não deixaremos de citar todos os outros que se poderiam ver nas nossas tropas, na medida em que se utilizavam conjuntamente com o Plano em uso, diversos componentes de outros anteriores, assim como o equipamento e o armamento.

UNIFORME DE CAMPANHA
PRAÇAS E SARGENTOS DAS DIVERSAS
 ARMAS E SERVIÇOS


CHAPÉU-CAPACETE





De feltro, em mescla cinzenta, gomado. A cimeira, em bico, é de cobre oxidado e roscado no ventilador. Na frente tem um laço Nacional de couro envernizado a vermelho e verde, ficando esta última cor ao centro.



 

















Militares de Cavalaria N.º 10. Observe o chapéu-capacete
com a cimeira em bico. Colecção particular

Em 1914 e principalmente a partir de 1917 foi distribuído uma cobertura de cabeça, idêntica à anterior, mas com um ventilador diferente, sem bico.


Expedicionários a bordo. Observe o chapéu-capacete
com o ventilador semi-esférico. In: Ilustração Portuguesa.
  Colecção particular


DÓLMEN DE SERVIÇO
De cotim de algodão cinzento, tendo uma algibeira de cada lado da altura do peito, com fijolas nas partes laterais, abotoando verticalmente, ao meio do peito, por seis botões de unha pretos, cobertos por uma pestana. A gola fecha por intermédio de dois colchetes. As mangas não têm canhões.
As algibeiras são cobertas por uma pestana, que abotoam com botões pequenos cosidos às mesmas. As platinas são do mesmo tecido, do dólmen, direitas e prendem, por intermédio de botões pequenos.
Na altura da cintura e na direcção ao quadril tem, de um e do outro lado, uma presilha com a mesma forma e largura das platinas.
Soldados de Portugal a caminho de África
Colecção particular


 

CALÇAS

De cotim de algodão cinzento, com duas algibeiras abertas horizontalmente nas folhas anteriores, O comprimento das calças das tropas apeadas deve ser regulado de modo que a orla inferior diste três centímetros do solo, quando se tome a posição de sentido.
As praças montadas utilizarão a calça mais comprida de modo que a orla assente bem na pua da espora.

CAPOTE
TROPAS APEADAS



De mescla cinzento com duas abotoaduras, cada uma de seis botões grandes de metal amarelo igualmente espaçados e colocados no sentido da altura.

As duas folhas da frente e a das costas são cortadas de uma só peça, e nas costas, a partir da orla inferior, tem, a meio da roda, uma abertura longitudinal, acompanhada de uma pestana interior, tendo três botões pequenos de metal amarelo. Nas costuras da ligação das costas com as folhas da frente têm duas pestanas que dão entrada a duas algibeiras colocadas interiormente. Junto às pestanas e na altura da cintura, tem as presilhas destinadas a dar passagem ao cinturão, com a mesma forma e largura das platinas.

A gola é de mescla e de voltar, apertando por meio de um colchete, nos extremos da mesma aplicam-se os emblemas respectivos.

As platinas têm o mesmo feitio das dos dólmanes de serviço.

As mangas devem ser suficientemente largas para que permitam vestir o capote com facilidade e, o seu comprimento deverá ser tal que o militar, tendo os braços estendidos naturalmente, o extremo da manga chegue à ligação da mão com o antebraço.


O comprimento do capote deve ser regulado para que a orla inferior diste trinta centímetros do solo.


Capotes para tropas apeadas.
In: Ilustração Portuguesa. Colecção particular


CAPOTE
TROPAS MONTADAS
De mescla cinzenta, tendo as folhas da frente e das costas cortadas de uma só peça. As presilhas são da mesma mescla, bem como a gola que é de voltar tendo os cantos ligeiramente arredondados e aperta por meio de um colchete. Nos extremos aplicam-se os respectivos emblemas.

Pela parte exterior e na altura do segundo botão do guarda-mangas tem uma algibeira que fecha por meio de uma pestana com um botão.  Na frente, assim como no guarda-mangas, tem quatro botões grande de metal amarelo iguais aos do capote para as tropas apeadas.

O comprimento do cabeção deve ser tal que a orla fique equidistante do ombro ao cotovelo Nas costas, a partir da orla inferior, tem, a meio da roda, uma abertura longitudinal, acompanhada por uma pestana interior que tem quatro botões pequenos de metal amarelo

O comprimento do capote deve ser regulado para que a orla inferior diste vinte centímetros do solo

GREVAS
TROPAS APEADAS
De mescla impermeável, com dois metros de comprimento e doze centímetros de largura, não devendo cada par pesar mais de trezentas gramas. Numa das extremidades, que terminará em ponta, terá cosido uma fita de lã, da mesma cor, com um metro de comprimento e um centímetro de largura. Colocam-se conforme se vê no modelo.


Soldado de Infantaria
Fotografia  Colecção particular


BOTAS
De cabedal, untadas, com sola dobrada, tacão de meia prateleira e tacheadas.



             






As botas para as tropas apeadas são da cor natural do couro, para as montadas são pretas.


POLAINAS
TROPAS MONTADAS
De atanado (couro curtido) preto

Soldado de Cavalaria
Fotografia. Colecção particular



ESPORAS
De ferro com correia preta



Maqueiro
Fotografia. Colecção particular
Texto e ilustrações de: marr